ROMEU E JULIETA - TEATRO
Personagens 8 femininos : Julieta, Senhora Capuletto, Senhora Montéquio, Rosalina (ex-namorada de Romeu), Ama, Princesa, MALVINA e Lucrécia (duas criadas dos Príncipes).
- 8 masculinos: Romeu, Frei Lourenço, Mercucio, Teobaldo, Capuletto, Benvólio, Príncipe, Montéquio.
Sendo das famílias rivais.
Capulettos: Julieta, Teobaldo (primo de Julieta), a Mãe e o Pai.
Montequios: Romeu, Benvólio, Mercucio (sobrinho do príncipe de Verona) Pai e Senhora Montéquio.
Ajudam Romeu e Julieta: Frei Lourenço, Rosalina e Ama.
PRÓLOGO
(Entram duas criadas)
MALVINA – Você viu, Lucrécia?
LUCRÉCIA – Sim, Malvina, as duas senhoras estão aqui na praça.
MALVINA – Vai dar briga na certa.
LUCRÉCIA – Aquilo são duas cobras venenosas. Qualquer coisa é motivo.para as duas famílias brigarem.
MALVINA – A senhora Capuletto está sempre acompanhada pela ama dela, a coitadinha faz tudo.
LUCRÉCIA – A senhora Montéquio é outra que só faz os outros trabalharem pra ela.
MALVINA – O pior é que os homens também estão por aí.
LUCRÉCIA – Temos que avisar os nossos patrões.
MALVINA – Não. Vamos ficar aqui pra ver se alguma coisa acontece...
LUCRÉCIA – Vamos. Não discuta comigo. Os príncipes de Verona vão acabar logo, logo com essa briga.
Cena 1 (Montéquios e Capulettos brigam na Praça)
SENHORA MONTÉQUIO – Rosalina, veja que dia lindo! A praça de Verona é o melhor lugar para compras.
ROSALINA – Sim, Senhora Montéquio. Mas onde estará Romeu?
SENHORA MONTÉQUIO – Romeu me disse que iria convidar Mercucio e Benvólio para virem à praça. Sabem eles que nós temos muitas compras para carregar...
ROSALINA – Sabe, Romeu anda meio distante ultimamente. Até parece que não gosta mais de mim.
SENHORA MONTÉQUIO – Não se preocupe. Os jovens são todos assim: inconstantes. Mas onde estarão aqueles três?
ROSALINA – Ei, veja quem está passando por aqui!
(Chegam Senhora Capuletto e Ama, que está carregando uma sacola de compras)
SENHORA CAPULETTO – A praça está uma porcaria hoje. Os pássaros sujaram tudo, e... veja! Até os mendigos estão fazendo compras! A que ponto chegamos!
AMA – Não são mendigos, minha senhora, são os Montéquios.
SENHORA MONTÉQUIO – Boa tarde, conseguiram comprar alguma coisa?
SENHORA CAPULETTO – Sim, temos dinheiro. Não precisamos vender propriedades e jóias para tanto.
(Chegam Romeu, Benvólio e Mercucio)
BENVÓLIO – Chegamos, senhoras. Estamos prontos para ajudá-las.
ROMEU – Rosalina, senti saudades.
ROSALINA – Não parece, Romeu. Estás muito atrasado. A companhia não está agradável.
MERCUCIO – Ah, refere-se aos Capulettos? Como vai a nata de Verona?
SENHORA CAPULETTO – Vai bem, senhor Mercucio. Mas acho muito ruim o sobrinho do príncipe de Verona estar com os Montéquios.
(Chegam Teobaldo e o Capuletto)
TEOBALDO – Estes senhores estão a importuná-la, cara tia?
SENHORA CAPULETTO – Oh, caro sobrinho Teobaldo e senhor meu marido (suas mãos são beijadas). Talvez...
CAPULETTO – Isto é um ultraje. Desembainhem suas espadas, biltres!
BENVÓLIO – Com prazer! Verão o aço de nossas espadas em vossos corpos pestilentos!
(Mulheres retiram-se em pontos diferentes para torcer, enquanto os homens brigam. Música. Chega o Príncipe de Verona. Todos fazem reverência e acaba a briga)
PRÍNCIPE de Verona – Hoje não, senhores. Vivem brigando, não agüentam um dia sequer?
PRINCESA de Verona - Até tu, meu sobrinho Mercucio, pare de Brigar.
PRÍNCIPE - Montéquios, venham comigo? Capulettos, espero vocês hoje à tarde para uma conversa muito séria.
PRINCESA – Estas brigas têm que acabar. Até vocês, senhoras, Compartilhando desta selvageria!
(Todos saem. Música).
Cena 2 (Rosalina e Romeu, depois Benvólio e Mercucio)
ROSALINA – Quer saber de uma coisa, Romeu. Não estou mais a fim de namorar contigo.
ROMEU – Por quê?
ROSALINA – Tu és muito imaturo, vives te metendo em brigas, teus amigos são uns malucos.
(Chegam Mercucio e Benvólio que assustam e brincam com Rosalina).
BENVÓLIO – Como está o namoro?
ROSALINA – Acabou. Romeu, de agora em diante serei só tua amiga para brincadeiras.
ROMEU – Abraça-me. (abraçam-se)
MERCUCIO – Vamos ao baile de máscaras na casa dos Capulettos?
Todos – Vamos!!!
BENVÓLIO – Mas... espera aí! Na casa dos Capulettos? É briga na certa.
MERCUCIO – Meu tio, o príncipe, mandou convidar a todos... e o velho Capuletto vai ter que agüentar os Montéquios.
ROSALINA – Já vou preparando um vestido.
(Saem todos. Música animada)
Cena 3 (No baile de máscaras na casa de Julieta)
AMA – Já preparei tudo, senhora Capuletto.
SENHORA CAPULETTO – Tens certeza, Ama?
AMA – Sim, mas onde estará Julieta?
SENHORA CAPULETTO – Veja, está chegando aí. Linda máscara, filha.
JULIETA – Mamãe,estou muito feliz. Ótima idéia de comemorar meus quinze anos com um baile de máscaras. Mas... e os convidados?
SENHORA CAPULETTO – Já chegarão, minha filha. Mandei distribuir convites para todas as famílias.
AMA – Até para os Montéquios?
SENHORA CAPULETTO – O Príncipe praticamente nos obrigou. Disse que seria bom para aproximarmos.
JULIETA – Que bom, mamãe! A briga das famílias é um tormento para toda Verona.
SENHORA CAPULETTO – Não creio que virão.
(Chegam Romeu, seus Pais, Benvólio com máscaras)
SENHORA CAPULETTO – Boa noite, senhores. Sejam bem vindos. Quem são?
MONTÉQUIO – Só poderemos revelar mais tarde. Afinal, num baile de máscaras...
SENHORA CAPULETTO – Pois é!
MONTÉQUIO – Meu filho, vim a esta festa só por insistência tua.
BENVÓLIO – Acalme-se, senhor Montéquio. Vamos nos divertir.
(Chegam os Príncipes com Mercucio)
PRÍNCIPE – Parabéns a todos pelo lindo baile.
PRINCESA - Estou feliz de ver todas as boas famílias de Verona confraternizando juntas.
(Todos aplaudem, meio a contragosto. Chegam Teobaldo e Capuletto.).
TEOBALDO – Viste, senhor Capuletto, quem veio à festa?
CAPULETTO – Sei, são os Montéquios. Mas te acalma, temos que aceitar a presença deles. Afinal os príncipes praticamente nos obrigaram a convidá-los.
(Música. Todos dançam. Romeu tira Julieta para dançar. Quando vão beijar-se a Ama interrompe)
AMA - Senhora, sua mãe está a chamá-la.
JULIETA – Sim, adeus, meu caro mascarado. (sai)
ROMEU - Minha cara senhora, quem era a moça com quem acabei de dançar?
AMA – É Julieta, a filha do senhor desta festa.
ROMEU – Destino! Meu amor nascido de meu mais terrível ódio.
(Todos saem do baile. Julieta fala com a Ama)
JULIETA – Ama. Quem era o mascarado com quem estava a dançar?
AMA – Ah, senhora. Era Romeu, um Montéquio.
JULIETA – Leve este bilhete a ele. Peça que se encontre comigo amanhã, depois do por do sol.
AMA – Sinto que isto não dará certo...
(Luz apaga. Música. Fim do Baile)
Cena 4 (No balcão, Romeu jura amor eterno a Julieta e promete casar-se com ela)
ROMEU – Aqui estou como combinado. Aquela é Julieta? (Julieta aparece na janela)
JULIETA – (sem ver Romeu) Romeu, Romeu! Ah! por que és um Montéquio? Mas como estou apaixonada... (Julieta, enfim, vê Romeu) Como conseguiste entrar?
ROMEU – Pulei o muro. Está escuro e teus parentes não conseguiriam me ver.
JULIETA – Se pegam podem te matar!
ROMEU – O que me mata é o amor que sinto por ti.
JULIETA – Tu me amas de verdade?
ROMEU – Juro pela lua.
JULIETA – A lua? A lua muda de fazes todas as semanas. Não jures pela lua. Não jures por nada, só por ti mesmo.
ROMEU – Então eu juro por meu coração...
JULIETA - Pára! não jures;
ROMEU – Então eu saio daqui sem um beijinho?
JULIETA – Só depois de casada.
ROMEU – Então vamos casar. Amanhã mesmo falaremos com Frei Lourenço e vamos nos casar.
JULIETA – Sim, eu aceito. Vou me encontrar contigo amanhã por volta das dez da manhã. (A Ama chama dentro). Adeus, Romeu. Estão me chamando. (sai)
ROMEU - Oh! que noite abençoada! Tenho medo. Este sonho é bom demais para ser realidade.
Cena 5 (Frei Lourenço recebe Romeu e Julieta)
ROMEU – Caro amigo, Frei Lourenço, estamos aqui, eu e Julieta para nos casarmos.
FREI LOURENÇO – Mas que loucura! Vocês são dois jovens adolescentes.
JULIETA – Meu amor é muito grande e não posso controlá-lo.
ROMEU – O meu também.
FREI LOURENÇO – Mas vossas famílias são rivais.
JULIETA – Trouxemos duas testemunhas.
(Entram a Ama e Rosalina, espanto do Frei)
FREI LOURENÇO – Vejo que estão decididos. Vocês serão testemunhas.
AMA – Sim, quero ver feliz a minha senhora.
ROSALINA – Romeu apaixonou-se por Julieta e não há nada que os separe. Queremos ajudá-los.
FREI LOURENÇO – Farei o casamento. Isso poderá aproximar as duas famílias. E é importante que Deus dê o consentimento para que o amor possa se tornar digno e aceito.
(Música para o casamento. Não Marcha Nupcial. Ao final todos se abraçam)
ENTREATO
MALVINA – Lucrécia, tu viste quem acabou de sair da igreja?
LUCRÉCIA – Sim. Eram Romeu e Julieta.
MALVINA – Eles estavam namorando! Isto vai dar o maior problema. As duas famílias não irão aceitar.
LUCRÉCIA – O amor é fogo. Vence todas as barreiras.
MALVINA – O mais lindo sentimento!
PRINCESA – (chegando) Onde vocês duas estavam, preciso de sua ajuda para carregar umas compras que fiz.
LUCRÉCIA – Sim, princesa.
MALVINA – A senhora sabe quem estava agora mesmo namorando?
LUCRÉCIA –Romeu e Julieta. Montéquios e Capulettos juntos.
PRINCESA – É mesmo? Contem mais...
(As três saem conversando. Música)
Cena 6 (Na rua, estão Teobaldo, Mercucio e Romeu)
Teobaldo – Bem se vê que esta praça está mal freqüentada.
MERCUCIO – A quem te refere, Teobaldo?
TEOBALDO – A ti e a família dos Montéquios.
ROMEU – Estás a me ofender? Porém, por ti não posso ter ódio.
MERCUCIO – Mas eu tenho. Venha com tua espada que eu defenderei tua honra.
(Brigam Teobaldo e Mercucio. Romeu tenta separar e Mercucio é morto)
MERCUCIO – Estou lançando uma maldição. Que todos vocês, Montéquios e Capulettos, paguem por seu ódio. (morre)
ROMEU – Seu caça-ratos. Verás o aço de minha vingança.
(Romeu luta e mata Teobaldo. Chegam Benvólio e o Montéquio)
MONTÉQUIO – Meu filho, o que fizeste?
ROMEU – Papai, Benvólio, me ajudem a levar os corpos para um lugar escondido.
MONTÉQUIO – Sim, meu filho, rápido. (Ajuda a tirá-los de cena)
ROMEU – E agora, o que farei?
BENVÓLIO – Fuja para Mântua, caro Romeu. Aqui tu serás perseguido pelos Capuletto.
MONTÉQUIO - Conversarei com o príncipe e explicarei que houve um duelo e que defendeste a honra de Mercucio. Vá, meu filho.
ROMEU – (saindo) Preciso encontrar-me com Julieta...
(Saem. Música e Blackout).
Cena 7 (Após uma noite de amor, Romeu foge e Julieta recebe a má notícia)
Quarto de Julieta. Entram Romeu e Julieta.
JULIETA - Já vais partir? O dia ainda está longe. Não foi a cotovia, mas apenas o rouxinol que cantou.
ROMEU - Foi a cotovia, não foi o rouxinol. O rouxinol canta de madrugada e a cotovia de manhã. Já é de manhã.
JULIETA - Não é dia ainda. Espera
ROMEU – Tu queres que me prendam? Se me encontrarem aqui vão me matar.
JULIETA - É dia; foge! Depressa!
(Entra a Ama e Romeu despede-se e sai).
AMA – Senhora, vossa mãe se dirige para cá. Romeu já foi. Ah, que bom! (Sai.)
SENHORA CAPULETTO (dentro) - Ó filha! filha! Já estás de pé? Então, Julieta, como estás?
JULIETA - Mãe, não estou boa.
SENHORA CAPULETTO - Ainda estás chorando a morte de teu primo Teobaldo?
JULIETA – Ah, sim. Deixai-me chorar.
SENHORA CAPULETTO - Sim, menina; mas não deverias chorar pela morte dele e sim porque está vivo o miserável que o matou.
JULIETA - Que miserável, minha senhora?
SENHORA CAPULETTO - Esse vilão Romeu. É que esse biltre, esse assassino ainda está com vida.
JULIETA - Sim, e longe do alcance destas mãos. Oh! se eu, pudesse vingar a morte do meu querido primo!
SENHORA CAPULETTO - Ainda haveremos de vingá-lo; por isso não te aflijas. Mas agora vim trazer-te notícias mais alegres.
JULIETA - Vem a tempo. Que notícias são essas?
SENHORA CAPULETTO - Bem, bem, menina; tens um pai zeloso, que para te livrar dessa tristeza planejou um dia de alegria como nem tu esperas, nem eu própria poderia pensar.
JULIETA - Mas, senhora, que dia será esse?
SENHORA CAPULETTO - Filha, vê só! Na quinta-feira próxima, na igreja de São Pedro o conde Páris, moço valente e nobre, para sua alegria, te fará finalmente uma alegre noiva
JULIETA - Ora, por essa igreja de São Pedro, e por São Pedro, não fará de mim noiva alegre.
SENHORA CAPULETTO - Aí vem vosso pai; dizei-lhe tudo isso vós mesma e vede as conseqüências.(Entram Capuletto e a Ama).
CAPULETTO - Então, mulher: falastes a respeito de nossa decisão?
SENHORA CAPULETTO - Sim, conversamos. Ela, porém, não concorda com isso.
CAPULETTO - Como! Não quer casar?
JULIETA – Não!.
SENHORA CAPULETTO - Ora essa! Estais maluca?
JULIETA - Bondoso pai, de joelhos vos suplico...uma palavra.
CAPULETTO - Tipo desobediente! Já te mostro. Vai quinta-feira à igreja, ou não me encares nunca mais, Nunca mais! Não me repliques coisa nenhuma. Basta! Não me fales. Sua rapariga...
AMA - Deus do céu que a ampare! Procedeis mal, senhor, por insultá-la desse modo.
CAPULETTO — Por quê, dona “prudência”? Sua velha fofoqueira!
AMA — Não disse nada de mal.
CAPULETTO — Quieta, velha resmungona. Velha tonta! (Saem os pais, Julieta chora)
Cena 8 (Rosalina e a Senhora Montéquio)
ROSALINA – Senhora Montéquio. Mais um mal se abateu na cidade de Verona.
SENHORA MONTÉQUIO – O que foi, Rosalina?
ROSALINA - Romeu, seu filho, acaba matar em duelo a Teobaldo, sobrinho dos Capuletto.
SENHORA MONTÉQUIO – E onde se encontra, meu Romeu?
ROSALINA – Teve que fugir para Mântua. Mas o príncipe vai perdoá-lo, pois defendeu a honra de Mercucio.
SENHORA MONTÉQUIO – E nós, mulheres, não podemos fazer nada?
ROSALINA – Senhora, a sina das mulheres de nossa época é esperar que os homens tudo façam, as nós nos resta esperar. Porém Julieta é diferente. Julieta casou-se me segredo com Romeu.
SENHORA MONTÉQUIO – Como sabes?
ROSALINA – Estive presente...
(Enquanto Rosalina explica, música, e as duas saem)
Cena 9 (Julieta vai até a igreja pedindo ajuda e Frei)
JULIETA – Padre, meu pai quer obrigar-me a casar com quem não amo. O que farei?
FREI LOURENÇO – Tenho que ajudá-la, não podes te casar, pois já estás casada.
JULIETA – Prefiro morrer.
FREI LOURENÇO - Escuta: vai para casa e dize que estás disposta a casar com o conde. Amanhã, à noite, deita-te sozinha, sem que a ama fique no quarto. Então bebe esta poção. Tu vais parecer morta. Como é costume em nossa terra, tu serás sepultada no antigo túmulo dos CAPULETTO. Eu vou mandar uma carta para Romeu, em Mântua. Ele vem te pegar e os dois podem fugir para aquela cidade.
JULIETA – Me dê o veneno!. Mas se Romeu não puder ser avisado?
FREI LOURENÇO - Eis aqui. Vou mandar agora mesmo a carta para teu marido.
JULIETA – Está bem. Adeus, meu caro padre.(Saem e depois entra Julieta. Monólogo)
JULIETA – Adeus, mundo. Por um tempo estarei morta. Será que terei coragem de tomar este veneno? (Põe de lado um punha.). E se o Padre quiser me matar mesmo? Não, ele não faria isso. Ele é um homem de Deus. Sempre me ajudou. (pensa no túmulo). Ah, eu vou ter que ficar no túmulo da família. Teobaldo está lá. Que medo! Mas vou tomar a poção. O amor que sinto por Romeu é mais forte. Romeu, bebo isto por tua causa.(Cai sobre o leito, para dentro das cortinas).
Cena 10. Cena muda. Frei Lourenço, a família de Julieta e a Ama deitam Julieta na cripta.
ENTREATO
LUCRÉCIA – Coitadinha da Julieta! Morreu no dia do casamento.
MALVINA – Todos falam que ela tomou veneno, a família não quis comentar. Preferiu morrer a casar com quem não ama.
LUCRÉCIA – A mãe estava inconsolável. Única filha.
MALVINA – Romeu está em Mântua. Coitado, nem pode saber da morte de Julieta.
LUCRÉCIA – Dizem que avisaram o rapaz. Ele vai voltar logo, pelo menos pra ver a sua amada.
MALVINA – Coitados, podiam ter formado um belo casal. E as famílias podiam parar de brigar por causa disso.
LUCRÉCIA – É mesmo! Eu, se fosse ele, também tomava veneno.
MALVINA – Sai pra lá. Já basta uma família triste. Quer ver as duas? (saem).
Cena 11 (Romeu chega à cripta e pensa que Julieta está morta).
ROMEU – Querida Julieta, corri de Mântua até aqui para te ver. Disseram-me que tinhas morrido. E o que vejo é verdade. Tomarei este veneno que comprei e te acompanharei no teu sonho de morte.
(Julieta acorda)
JULIETA – É aqui que deveria estar. Mas agora estou livre para Romeu. (vê Romeu e vê o veneno). Meu querido, não recebeste a carta de Frei Lourenço? O veneno... tomaste tudo. Quem sabe sobrou um pouco em teus lábios? Ainda estão quentes. (pega o punhal). Punhal, serei tua bainha...(suicida-se)
Cena 12 (Chegam todos tristes à cripta)
FREI LOURENÇO – Pobre casal! Romeu não recebeu minha carta e, pensando que Julieta estivesse morta, bebeu veneno. A moça resolveu acompanhá-lo, matando-se com uma adaga.
PRÍNCIPE - Capuletto! Montéquio! Vede como sobre vosso ódio a maldição caiu e como o céu vos mata as alegrias valendo-se do amor.
PRINCESA - Fomos todos punidos pelo ódio.
CAPULETTO - Dá-me tua mão, senhor Montéquio; é o dote de minha filha. Mais não posso pedir.
MONTÉQUIO - Mas eu posso dar mais, pois hei de mandar fazer a estátua dela do mais puro ouro. Enquanto for Verona conhecida, nenhuma imagem terá tanto preço como a da fiel Julieta.
CAPULETTO - Romeu também fama dará à cidade; são vítimas de nossa inimizade.
PRINCIPE - Esta manhã nos trouxe paz sombria: esconde o sol, o rosto. Ide; falai dos fatos deste dia;
PRINCESA - Sereis clementes, ou rijos, a contragosto, que há de viver de todos na memória de Romeu e Julieta, a triste história.(Saem todos. Ficando Romeu e Julieta deitados. Música. Luz em resistência).
Créditos:
- 8 masculinos: Romeu, Frei Lourenço, Mercucio, Teobaldo, Capuletto, Benvólio, Príncipe, Montéquio.
Sendo das famílias rivais.
Capulettos: Julieta, Teobaldo (primo de Julieta), a Mãe e o Pai.
Montequios: Romeu, Benvólio, Mercucio (sobrinho do príncipe de Verona) Pai e Senhora Montéquio.
Ajudam Romeu e Julieta: Frei Lourenço, Rosalina e Ama.
PRÓLOGO
(Entram duas criadas)
MALVINA – Você viu, Lucrécia?
LUCRÉCIA – Sim, Malvina, as duas senhoras estão aqui na praça.
MALVINA – Vai dar briga na certa.
LUCRÉCIA – Aquilo são duas cobras venenosas. Qualquer coisa é motivo.para as duas famílias brigarem.
MALVINA – A senhora Capuletto está sempre acompanhada pela ama dela, a coitadinha faz tudo.
LUCRÉCIA – A senhora Montéquio é outra que só faz os outros trabalharem pra ela.
MALVINA – O pior é que os homens também estão por aí.
LUCRÉCIA – Temos que avisar os nossos patrões.
MALVINA – Não. Vamos ficar aqui pra ver se alguma coisa acontece...
LUCRÉCIA – Vamos. Não discuta comigo. Os príncipes de Verona vão acabar logo, logo com essa briga.
Cena 1 (Montéquios e Capulettos brigam na Praça)
SENHORA MONTÉQUIO – Rosalina, veja que dia lindo! A praça de Verona é o melhor lugar para compras.
ROSALINA – Sim, Senhora Montéquio. Mas onde estará Romeu?
SENHORA MONTÉQUIO – Romeu me disse que iria convidar Mercucio e Benvólio para virem à praça. Sabem eles que nós temos muitas compras para carregar...
ROSALINA – Sabe, Romeu anda meio distante ultimamente. Até parece que não gosta mais de mim.
SENHORA MONTÉQUIO – Não se preocupe. Os jovens são todos assim: inconstantes. Mas onde estarão aqueles três?
ROSALINA – Ei, veja quem está passando por aqui!
(Chegam Senhora Capuletto e Ama, que está carregando uma sacola de compras)
SENHORA CAPULETTO – A praça está uma porcaria hoje. Os pássaros sujaram tudo, e... veja! Até os mendigos estão fazendo compras! A que ponto chegamos!
AMA – Não são mendigos, minha senhora, são os Montéquios.
SENHORA MONTÉQUIO – Boa tarde, conseguiram comprar alguma coisa?
SENHORA CAPULETTO – Sim, temos dinheiro. Não precisamos vender propriedades e jóias para tanto.
(Chegam Romeu, Benvólio e Mercucio)
BENVÓLIO – Chegamos, senhoras. Estamos prontos para ajudá-las.
ROMEU – Rosalina, senti saudades.
ROSALINA – Não parece, Romeu. Estás muito atrasado. A companhia não está agradável.
MERCUCIO – Ah, refere-se aos Capulettos? Como vai a nata de Verona?
SENHORA CAPULETTO – Vai bem, senhor Mercucio. Mas acho muito ruim o sobrinho do príncipe de Verona estar com os Montéquios.
(Chegam Teobaldo e o Capuletto)
TEOBALDO – Estes senhores estão a importuná-la, cara tia?
SENHORA CAPULETTO – Oh, caro sobrinho Teobaldo e senhor meu marido (suas mãos são beijadas). Talvez...
CAPULETTO – Isto é um ultraje. Desembainhem suas espadas, biltres!
BENVÓLIO – Com prazer! Verão o aço de nossas espadas em vossos corpos pestilentos!
(Mulheres retiram-se em pontos diferentes para torcer, enquanto os homens brigam. Música. Chega o Príncipe de Verona. Todos fazem reverência e acaba a briga)
PRÍNCIPE de Verona – Hoje não, senhores. Vivem brigando, não agüentam um dia sequer?
PRINCESA de Verona - Até tu, meu sobrinho Mercucio, pare de Brigar.
PRÍNCIPE - Montéquios, venham comigo? Capulettos, espero vocês hoje à tarde para uma conversa muito séria.
PRINCESA – Estas brigas têm que acabar. Até vocês, senhoras, Compartilhando desta selvageria!
(Todos saem. Música).
Cena 2 (Rosalina e Romeu, depois Benvólio e Mercucio)
ROSALINA – Quer saber de uma coisa, Romeu. Não estou mais a fim de namorar contigo.
ROMEU – Por quê?
ROSALINA – Tu és muito imaturo, vives te metendo em brigas, teus amigos são uns malucos.
(Chegam Mercucio e Benvólio que assustam e brincam com Rosalina).
BENVÓLIO – Como está o namoro?
ROSALINA – Acabou. Romeu, de agora em diante serei só tua amiga para brincadeiras.
ROMEU – Abraça-me. (abraçam-se)
MERCUCIO – Vamos ao baile de máscaras na casa dos Capulettos?
Todos – Vamos!!!
BENVÓLIO – Mas... espera aí! Na casa dos Capulettos? É briga na certa.
MERCUCIO – Meu tio, o príncipe, mandou convidar a todos... e o velho Capuletto vai ter que agüentar os Montéquios.
ROSALINA – Já vou preparando um vestido.
(Saem todos. Música animada)
Cena 3 (No baile de máscaras na casa de Julieta)
AMA – Já preparei tudo, senhora Capuletto.
SENHORA CAPULETTO – Tens certeza, Ama?
AMA – Sim, mas onde estará Julieta?
SENHORA CAPULETTO – Veja, está chegando aí. Linda máscara, filha.
JULIETA – Mamãe,estou muito feliz. Ótima idéia de comemorar meus quinze anos com um baile de máscaras. Mas... e os convidados?
SENHORA CAPULETTO – Já chegarão, minha filha. Mandei distribuir convites para todas as famílias.
AMA – Até para os Montéquios?
SENHORA CAPULETTO – O Príncipe praticamente nos obrigou. Disse que seria bom para aproximarmos.
JULIETA – Que bom, mamãe! A briga das famílias é um tormento para toda Verona.
SENHORA CAPULETTO – Não creio que virão.
(Chegam Romeu, seus Pais, Benvólio com máscaras)
SENHORA CAPULETTO – Boa noite, senhores. Sejam bem vindos. Quem são?
MONTÉQUIO – Só poderemos revelar mais tarde. Afinal, num baile de máscaras...
SENHORA CAPULETTO – Pois é!
MONTÉQUIO – Meu filho, vim a esta festa só por insistência tua.
BENVÓLIO – Acalme-se, senhor Montéquio. Vamos nos divertir.
(Chegam os Príncipes com Mercucio)
PRÍNCIPE – Parabéns a todos pelo lindo baile.
PRINCESA - Estou feliz de ver todas as boas famílias de Verona confraternizando juntas.
(Todos aplaudem, meio a contragosto. Chegam Teobaldo e Capuletto.).
TEOBALDO – Viste, senhor Capuletto, quem veio à festa?
CAPULETTO – Sei, são os Montéquios. Mas te acalma, temos que aceitar a presença deles. Afinal os príncipes praticamente nos obrigaram a convidá-los.
(Música. Todos dançam. Romeu tira Julieta para dançar. Quando vão beijar-se a Ama interrompe)
AMA - Senhora, sua mãe está a chamá-la.
JULIETA – Sim, adeus, meu caro mascarado. (sai)
ROMEU - Minha cara senhora, quem era a moça com quem acabei de dançar?
AMA – É Julieta, a filha do senhor desta festa.
ROMEU – Destino! Meu amor nascido de meu mais terrível ódio.
(Todos saem do baile. Julieta fala com a Ama)
JULIETA – Ama. Quem era o mascarado com quem estava a dançar?
AMA – Ah, senhora. Era Romeu, um Montéquio.
JULIETA – Leve este bilhete a ele. Peça que se encontre comigo amanhã, depois do por do sol.
AMA – Sinto que isto não dará certo...
(Luz apaga. Música. Fim do Baile)
Cena 4 (No balcão, Romeu jura amor eterno a Julieta e promete casar-se com ela)
ROMEU – Aqui estou como combinado. Aquela é Julieta? (Julieta aparece na janela)
JULIETA – (sem ver Romeu) Romeu, Romeu! Ah! por que és um Montéquio? Mas como estou apaixonada... (Julieta, enfim, vê Romeu) Como conseguiste entrar?
ROMEU – Pulei o muro. Está escuro e teus parentes não conseguiriam me ver.
JULIETA – Se pegam podem te matar!
ROMEU – O que me mata é o amor que sinto por ti.
JULIETA – Tu me amas de verdade?
ROMEU – Juro pela lua.
JULIETA – A lua? A lua muda de fazes todas as semanas. Não jures pela lua. Não jures por nada, só por ti mesmo.
ROMEU – Então eu juro por meu coração...
JULIETA - Pára! não jures;
ROMEU – Então eu saio daqui sem um beijinho?
JULIETA – Só depois de casada.
ROMEU – Então vamos casar. Amanhã mesmo falaremos com Frei Lourenço e vamos nos casar.
JULIETA – Sim, eu aceito. Vou me encontrar contigo amanhã por volta das dez da manhã. (A Ama chama dentro). Adeus, Romeu. Estão me chamando. (sai)
ROMEU - Oh! que noite abençoada! Tenho medo. Este sonho é bom demais para ser realidade.
Cena 5 (Frei Lourenço recebe Romeu e Julieta)
ROMEU – Caro amigo, Frei Lourenço, estamos aqui, eu e Julieta para nos casarmos.
FREI LOURENÇO – Mas que loucura! Vocês são dois jovens adolescentes.
JULIETA – Meu amor é muito grande e não posso controlá-lo.
ROMEU – O meu também.
FREI LOURENÇO – Mas vossas famílias são rivais.
JULIETA – Trouxemos duas testemunhas.
(Entram a Ama e Rosalina, espanto do Frei)
FREI LOURENÇO – Vejo que estão decididos. Vocês serão testemunhas.
AMA – Sim, quero ver feliz a minha senhora.
ROSALINA – Romeu apaixonou-se por Julieta e não há nada que os separe. Queremos ajudá-los.
FREI LOURENÇO – Farei o casamento. Isso poderá aproximar as duas famílias. E é importante que Deus dê o consentimento para que o amor possa se tornar digno e aceito.
(Música para o casamento. Não Marcha Nupcial. Ao final todos se abraçam)
ENTREATO
MALVINA – Lucrécia, tu viste quem acabou de sair da igreja?
LUCRÉCIA – Sim. Eram Romeu e Julieta.
MALVINA – Eles estavam namorando! Isto vai dar o maior problema. As duas famílias não irão aceitar.
LUCRÉCIA – O amor é fogo. Vence todas as barreiras.
MALVINA – O mais lindo sentimento!
PRINCESA – (chegando) Onde vocês duas estavam, preciso de sua ajuda para carregar umas compras que fiz.
LUCRÉCIA – Sim, princesa.
MALVINA – A senhora sabe quem estava agora mesmo namorando?
LUCRÉCIA –Romeu e Julieta. Montéquios e Capulettos juntos.
PRINCESA – É mesmo? Contem mais...
(As três saem conversando. Música)
Cena 6 (Na rua, estão Teobaldo, Mercucio e Romeu)
Teobaldo – Bem se vê que esta praça está mal freqüentada.
MERCUCIO – A quem te refere, Teobaldo?
TEOBALDO – A ti e a família dos Montéquios.
ROMEU – Estás a me ofender? Porém, por ti não posso ter ódio.
MERCUCIO – Mas eu tenho. Venha com tua espada que eu defenderei tua honra.
(Brigam Teobaldo e Mercucio. Romeu tenta separar e Mercucio é morto)
MERCUCIO – Estou lançando uma maldição. Que todos vocês, Montéquios e Capulettos, paguem por seu ódio. (morre)
ROMEU – Seu caça-ratos. Verás o aço de minha vingança.
(Romeu luta e mata Teobaldo. Chegam Benvólio e o Montéquio)
MONTÉQUIO – Meu filho, o que fizeste?
ROMEU – Papai, Benvólio, me ajudem a levar os corpos para um lugar escondido.
MONTÉQUIO – Sim, meu filho, rápido. (Ajuda a tirá-los de cena)
ROMEU – E agora, o que farei?
BENVÓLIO – Fuja para Mântua, caro Romeu. Aqui tu serás perseguido pelos Capuletto.
MONTÉQUIO - Conversarei com o príncipe e explicarei que houve um duelo e que defendeste a honra de Mercucio. Vá, meu filho.
ROMEU – (saindo) Preciso encontrar-me com Julieta...
(Saem. Música e Blackout).
Cena 7 (Após uma noite de amor, Romeu foge e Julieta recebe a má notícia)
Quarto de Julieta. Entram Romeu e Julieta.
JULIETA - Já vais partir? O dia ainda está longe. Não foi a cotovia, mas apenas o rouxinol que cantou.
ROMEU - Foi a cotovia, não foi o rouxinol. O rouxinol canta de madrugada e a cotovia de manhã. Já é de manhã.
JULIETA - Não é dia ainda. Espera
ROMEU – Tu queres que me prendam? Se me encontrarem aqui vão me matar.
JULIETA - É dia; foge! Depressa!
(Entra a Ama e Romeu despede-se e sai).
AMA – Senhora, vossa mãe se dirige para cá. Romeu já foi. Ah, que bom! (Sai.)
SENHORA CAPULETTO (dentro) - Ó filha! filha! Já estás de pé? Então, Julieta, como estás?
JULIETA - Mãe, não estou boa.
SENHORA CAPULETTO - Ainda estás chorando a morte de teu primo Teobaldo?
JULIETA – Ah, sim. Deixai-me chorar.
SENHORA CAPULETTO - Sim, menina; mas não deverias chorar pela morte dele e sim porque está vivo o miserável que o matou.
JULIETA - Que miserável, minha senhora?
SENHORA CAPULETTO - Esse vilão Romeu. É que esse biltre, esse assassino ainda está com vida.
JULIETA - Sim, e longe do alcance destas mãos. Oh! se eu, pudesse vingar a morte do meu querido primo!
SENHORA CAPULETTO - Ainda haveremos de vingá-lo; por isso não te aflijas. Mas agora vim trazer-te notícias mais alegres.
JULIETA - Vem a tempo. Que notícias são essas?
SENHORA CAPULETTO - Bem, bem, menina; tens um pai zeloso, que para te livrar dessa tristeza planejou um dia de alegria como nem tu esperas, nem eu própria poderia pensar.
JULIETA - Mas, senhora, que dia será esse?
SENHORA CAPULETTO - Filha, vê só! Na quinta-feira próxima, na igreja de São Pedro o conde Páris, moço valente e nobre, para sua alegria, te fará finalmente uma alegre noiva
JULIETA - Ora, por essa igreja de São Pedro, e por São Pedro, não fará de mim noiva alegre.
SENHORA CAPULETTO - Aí vem vosso pai; dizei-lhe tudo isso vós mesma e vede as conseqüências.(Entram Capuletto e a Ama).
CAPULETTO - Então, mulher: falastes a respeito de nossa decisão?
SENHORA CAPULETTO - Sim, conversamos. Ela, porém, não concorda com isso.
CAPULETTO - Como! Não quer casar?
JULIETA – Não!.
SENHORA CAPULETTO - Ora essa! Estais maluca?
JULIETA - Bondoso pai, de joelhos vos suplico...uma palavra.
CAPULETTO - Tipo desobediente! Já te mostro. Vai quinta-feira à igreja, ou não me encares nunca mais, Nunca mais! Não me repliques coisa nenhuma. Basta! Não me fales. Sua rapariga...
AMA - Deus do céu que a ampare! Procedeis mal, senhor, por insultá-la desse modo.
CAPULETTO — Por quê, dona “prudência”? Sua velha fofoqueira!
AMA — Não disse nada de mal.
CAPULETTO — Quieta, velha resmungona. Velha tonta! (Saem os pais, Julieta chora)
Cena 8 (Rosalina e a Senhora Montéquio)
ROSALINA – Senhora Montéquio. Mais um mal se abateu na cidade de Verona.
SENHORA MONTÉQUIO – O que foi, Rosalina?
ROSALINA - Romeu, seu filho, acaba matar em duelo a Teobaldo, sobrinho dos Capuletto.
SENHORA MONTÉQUIO – E onde se encontra, meu Romeu?
ROSALINA – Teve que fugir para Mântua. Mas o príncipe vai perdoá-lo, pois defendeu a honra de Mercucio.
SENHORA MONTÉQUIO – E nós, mulheres, não podemos fazer nada?
ROSALINA – Senhora, a sina das mulheres de nossa época é esperar que os homens tudo façam, as nós nos resta esperar. Porém Julieta é diferente. Julieta casou-se me segredo com Romeu.
SENHORA MONTÉQUIO – Como sabes?
ROSALINA – Estive presente...
(Enquanto Rosalina explica, música, e as duas saem)
Cena 9 (Julieta vai até a igreja pedindo ajuda e Frei)
JULIETA – Padre, meu pai quer obrigar-me a casar com quem não amo. O que farei?
FREI LOURENÇO – Tenho que ajudá-la, não podes te casar, pois já estás casada.
JULIETA – Prefiro morrer.
FREI LOURENÇO - Escuta: vai para casa e dize que estás disposta a casar com o conde. Amanhã, à noite, deita-te sozinha, sem que a ama fique no quarto. Então bebe esta poção. Tu vais parecer morta. Como é costume em nossa terra, tu serás sepultada no antigo túmulo dos CAPULETTO. Eu vou mandar uma carta para Romeu, em Mântua. Ele vem te pegar e os dois podem fugir para aquela cidade.
JULIETA – Me dê o veneno!. Mas se Romeu não puder ser avisado?
FREI LOURENÇO - Eis aqui. Vou mandar agora mesmo a carta para teu marido.
JULIETA – Está bem. Adeus, meu caro padre.(Saem e depois entra Julieta. Monólogo)
JULIETA – Adeus, mundo. Por um tempo estarei morta. Será que terei coragem de tomar este veneno? (Põe de lado um punha.). E se o Padre quiser me matar mesmo? Não, ele não faria isso. Ele é um homem de Deus. Sempre me ajudou. (pensa no túmulo). Ah, eu vou ter que ficar no túmulo da família. Teobaldo está lá. Que medo! Mas vou tomar a poção. O amor que sinto por Romeu é mais forte. Romeu, bebo isto por tua causa.(Cai sobre o leito, para dentro das cortinas).
Cena 10. Cena muda. Frei Lourenço, a família de Julieta e a Ama deitam Julieta na cripta.
ENTREATO
LUCRÉCIA – Coitadinha da Julieta! Morreu no dia do casamento.
MALVINA – Todos falam que ela tomou veneno, a família não quis comentar. Preferiu morrer a casar com quem não ama.
LUCRÉCIA – A mãe estava inconsolável. Única filha.
MALVINA – Romeu está em Mântua. Coitado, nem pode saber da morte de Julieta.
LUCRÉCIA – Dizem que avisaram o rapaz. Ele vai voltar logo, pelo menos pra ver a sua amada.
MALVINA – Coitados, podiam ter formado um belo casal. E as famílias podiam parar de brigar por causa disso.
LUCRÉCIA – É mesmo! Eu, se fosse ele, também tomava veneno.
MALVINA – Sai pra lá. Já basta uma família triste. Quer ver as duas? (saem).
Cena 11 (Romeu chega à cripta e pensa que Julieta está morta).
ROMEU – Querida Julieta, corri de Mântua até aqui para te ver. Disseram-me que tinhas morrido. E o que vejo é verdade. Tomarei este veneno que comprei e te acompanharei no teu sonho de morte.
(Julieta acorda)
JULIETA – É aqui que deveria estar. Mas agora estou livre para Romeu. (vê Romeu e vê o veneno). Meu querido, não recebeste a carta de Frei Lourenço? O veneno... tomaste tudo. Quem sabe sobrou um pouco em teus lábios? Ainda estão quentes. (pega o punhal). Punhal, serei tua bainha...(suicida-se)
Cena 12 (Chegam todos tristes à cripta)
FREI LOURENÇO – Pobre casal! Romeu não recebeu minha carta e, pensando que Julieta estivesse morta, bebeu veneno. A moça resolveu acompanhá-lo, matando-se com uma adaga.
PRÍNCIPE - Capuletto! Montéquio! Vede como sobre vosso ódio a maldição caiu e como o céu vos mata as alegrias valendo-se do amor.
PRINCESA - Fomos todos punidos pelo ódio.
CAPULETTO - Dá-me tua mão, senhor Montéquio; é o dote de minha filha. Mais não posso pedir.
MONTÉQUIO - Mas eu posso dar mais, pois hei de mandar fazer a estátua dela do mais puro ouro. Enquanto for Verona conhecida, nenhuma imagem terá tanto preço como a da fiel Julieta.
CAPULETTO - Romeu também fama dará à cidade; são vítimas de nossa inimizade.
PRINCIPE - Esta manhã nos trouxe paz sombria: esconde o sol, o rosto. Ide; falai dos fatos deste dia;
PRINCESA - Sereis clementes, ou rijos, a contragosto, que há de viver de todos na memória de Romeu e Julieta, a triste história.(Saem todos. Ficando Romeu e Julieta deitados. Música. Luz em resistência).
Créditos:
São Leopoldo, maio de 2006
Este texto foi elaborado especialmente para os alunos de teatro da turma 72 do Colégio Sinodal , a partir de outras adaptações. Alguns textos são copiados, mas recomenda-se ler o texto original.
Este texto foi elaborado especialmente para os alunos de teatro da turma 72 do Colégio Sinodal , a partir de outras adaptações. Alguns textos são copiados, mas recomenda-se ler o texto original.
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