Crônica
“Metamorfosear”
Qual professor, nunca ouviu Raul Seixas confessar em sua canção, que preferia ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo?
Tenho certeza que este PROFESSOR não existe! Todo mundo conhece essa canção, nem que seja em seu refrão.
Partindo dela, neste saber em ação, trago esse dizer de Raul, para meditar a nossa prática de professor.
Assim, convido-os a refletir... Metamorfose! O que Raul quis nos indagar com essa expressão metafórica?
Bem, vamos lá! Partindo de pesquisa, se iniciarmos por sua definição, seja pelo nosso velho amigo dicionário, ou o, vulgo google, veremos que significa transformação, transmutação, para quem preferir usar um termo mais bonito. Pensando em facilitar resumo-a em mudança completa.
Mas se ousar, inter-relacionar o termo com a biologia, verá que se obtém a ideia de medida rápida, intensa, a qual, também, não ficará isolada da física, nem da ciência, se ligar aos hábitos que ocorrem durante o ciclo da vida de certos animais. Pensando nas formas em que cada um pode aprender, aproximo de um conhecimento, o qual quase todo cidadão tem. O da lagarta que se transforma em borboleta, como se uma fada movesse sua varinha e a transformasse, assim como em... a abóbora de cinderela, em carruagem.
A Ana Júlia, uma velha conhecida, ouvindo isso, até já estou a vendo dizer: Isso é tão romântico! E o Wirso a relacionando com a Laurinha do Carrossel. Já o Ney, diria, seja mais prática e exata, sem mimimi, para que tanto romantismo!?
Partindo desses pressupostos, posso dizer que sou um professor de muitos anos, tive diversos alunos, dos mais variados tipos, tribos, como queiram chamar. Posso afirmar, ao viajar, hoje, em pensamentos pela minha trajetória como professor, digo que “METAMORFOSEI”, ao longo desses anos!
A Marisa, uma antiga aluninha, diria... Criando neologismos, professor? Protagonizando Manuel Bandeira! O quê? Professor de exatas, também domina recursos da língua! Que tudo! Está podendo, eih, professor!
(Risos a parte... )
Sei que estão pensando virilizar, não é meus “seguimores”?
Mas, voltando ao “metamorfosear”... Esse olhar, meu amigo Zé! Foi cruel!
Se eu ler seus pensamentos, estará comparando a minha magreza do passado, com os quilinhos a mais que ganhei. Conseguiu me ver Vitória, hoje, transformado no Wirsola. Mas não é dessa metamorfose, que indago, neste momento, não!
Refiro-me ao profissional que fui e me tornei...
Não sou o mesmo de quando comecei, deixemos datas para lá, elas não devem ser reveladas, não estão em pauta, se não a rádio SESI vai começar a causar.
Sei que o tempo voou rápido demais, e, hoje, não sou mais aquele professor dono da verdade, autoritário, que pregava a boa educação, de antigamente. Mas sim, o qual vive essa tal “metamorfose ambulante”, assim como a lagarta em borboleta.
Qualquer estudo aprofundando sobre borboletas, que queira iniciar, indico meu amigo Marlon, de borboletas, ele entende. Não é, caro Marlon?
( Risos....)
Em sequência, após essa digressão. Sabem por qual motivo? Porque as formações me transformaram. O conhecimento me levou à percepção de que não posso me rotular em um único saber, em uma única opinião imutável formada sobre tudo. Tudo se transforma! O que é hoje, poderá não ser receita para o amanhã, nesta sociedade Papa-léguas em que vivemos.
Percebo que me “metamorfosei”, ao longo dos anos, como professor, principalmente! Reconheço que se quero contribuir como a metamorfose do mundo, do planeta, da terra..., como preferir chamar, e que devo começar com a pupila dos olhos de cada professor: O aluno!
Percebo que deseja perguntar ideias para causar. E eu digo, aproveite os erros, é um caminho para se autoavaliar, tanto você, professor, como o aluno que quer transformar.
Estude o erro cometido, encoraje-o a dominar o medo, a vergonha para poder recomeçar, mas o conduzindo a analisar os erros que cometeu e entendendo como conseguiu erronizar. Aproveitar-se de uma avaliação é uma boa partida... Instigue os a resolver desafios novos, desequilibre-os. Só assim começará a observar com mais afinco e a inferir com mais precisão, não só naquela situação, mas nas pregadas pela vida também. Eis um treino essencial!
Destaco que em uma dialogicidade, comigo mesmo, percebo que ouvir o aluno se fez necessidade, um colega de trabalho, um diretor... Hiperbolizando... Estabeleça dialogicidade com o mundo! É assim que deve ser.
Percebo que não posso mais ser o professor das “caixinhas individualizadas” referentes a cada conteúdo. Abram as caixinhas de uma vez: a da geografia, da filosofia e assim prossiga. Não leve seu aluno a exercer um trabalho fragmentado.
Esse raio de ensino em fragmentação. Já foi, saiu de moda.
E a tal da interdisciplinariedade?
Palavrão, eih! Só perde para algumas outras imensas que vi em língua portuguesa.
Respondo, que é grande sim, pois o conhecimento também deve ser bem grandão. Igual a um todo criado, assim como a coluna vertebral de um peixe, composta por espinhas. Vou usar esse exemplo para compreenderem melhor.
Ela parte de um princípio e leva a um fim, não são independentes. Uma vez que se cria por uma interligação entre um eixo principal, que as unem em uma única engrenagem, para que o pressuposto peixe, imaginado, aqui, em significado e significância, possa dominar o lago, um rio, posteriormente os mares e nadando bem longe possa conquistar o oceano, como “Nemo” e “Doris” e o mundo se, assim, desejar.
Nossa, arrasou, eih, professor Clóvis! Mas onde está a moral de tudo isso? Sei que o Senhor chamou de crônica essa reflexão, mas já intertextualizando os gêneros textuais da Marisa, sei muito bem que lhe cabe uma boa lição de moral, assim, como nas fábulas de Esopo.
Muito bem, Victória Zampolinha, excelente associação!
Digo-lhe que um dia compreenderá melhor tudo isso. Assim que conseguir deixar qualquer ato que mediar com um aluno e perceber que o tornou significativo a ele, notará que o conhecimento compartilhado irá ser transformado. Verá o capaz de “metamorfosear” o mundo que o cerca. Enxergará nele, as habilidades de observar, pesquisar, concretizar, protagonizar e recriar, com resiliência e empatia.
EIS A METAMORFOSE!
Neste momento, terás um dos momentos mais prazerosos de ser um professor!
Termino essa crônica reflexiva, desejando que a educação “metamorfise” sempre. Afinal, “eu queria ser essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”....
Autoria: Marisa Aparecida de Souza Oliveira
Particularmente dedico esta crônica ao Professor Clóvis Claro, um professor que nunca vimos desistir de realizar metamorfoses. Está sempre, ali, engrenado na missão de ser um professor.
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