Autora: Marisa Aparecida de Souza Oliveira
Centro Educacional SESI – 364 de Bragança Paulista
7ª série do Ensino Fundamental de 8 anos -2009 – Disciplina: Língua Portuguesa
Resumo da Sequência Didática – Olhar de Azul
Este livro permite uma reflexão sobre a vida, Permitindo que os educandos vejam a realidade de uma outra forma, valorizando cada vez mais a vida, por mais difícil que seja.
Trabalhei com os educandos de 7ª série e obtive um ótimo resultado. Como produto final a escrita de um livro, baseando na história de vida de alguém conhecido, um parente, um deficiente, de alguém que tornou-se um vencedor e merece destaque, em fim de alguém que o educando considere um exemplo de vida.
Expectativas de aprendizagem
- Localizar informações explícitas e implícitas contidas no texto em estudo, explicando-as.
- Observar, refletir, reconhecer e aplicar as marcas linguísticas que compõem o gênero textual em estudo.
- Estabelecer diferenças e semelhanças entre a língua oral e a escrita.
- Identificar e utilizar as convenções externas ao sistema de representação da língua escrita (segmentação das palavras e frases, maiúsculas, parágrafo, escrita correta das palavras, inclusive acentuação, pontuação – ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgula, dois-pontos, travessão e reticências – e marcas de discurso direto).
- Produzir textos considerando o gênero textual em estudo, de acordo com sua função, organização textual e aspectos linguístico-discursivos, pressupondo o enunciador, o interlocutor e os meios de circulação, utilizando também os recursos coesivos da oralidade e da escrita.
- Retextualizar os próprios textos, com orientação do professor, adequando-os aos gêneros orais e/ ou escritos e ao contexto de produção (interlocutores, finalidade, lugar e momento em que se dá a interação), observando a coerência e a unidade textual.
- Socializar, oralmente e/ ou por escrito, as experiências de leitura de formas diversificadas.
Conteúdos : Leitura e Produção de livro, pesquisa e entrevista – Gênero: conto social, biografia.
Metodologias/ Desenvolvimento das atividades
Roda de Conversa – Para introdução da sequência didática, questionei-os sobre o título do livro. Mil informações refletiram sobre o título. Em seguida questionei-os sobre o modo de vida que levavam, se estavam felizes, etc. Após ouvi-los, apresentei Azul, através de uma imagem do livro. O silêncio pairou no ar.
Propus a leitura para que conhecessem a vida que a protagonista levava.
Toda semana, reservávamos um dia para conversarmos sobre os capítulos lidos e refletirmos a vida da personagem.
Propus, então que eles relatassem histórias de pessoas que mesmo com problemas, apresentavam-se totalmente entusiasmadas com a vida, tornando-se um exemplo a ser seguido.
Para tal atividade descrita, os educandos elaboraram questões para uma entrevista, solicitaram autorização para fazê-la, orientando sobre os trabalhos finais, verificando, assim, a autorização prévia para a escrita do livro.
Propus, a escrita do livro, primeiramente, produção inicial, em capítulos, que fora retextualizada, posteriormente, após diagnosticar, a necessidade de trabalhar concordância e linguagem denotativa e conotativa, para sanar os problemas apresentados no texto, bem como torná-los mais descrito aguçando a curiosidade do leitor e os elementos essenciais de um conto, baseado em fatos reais.
Trabalhei com eles, leitura de diversas biografias, focando o contexto de produção do gênero. Depois propus a elaboração da biografia dos autores do livro entre outros elementos essenciais a confecção do livro.
Por fim, confeccionamos o livro e presenteamos as pessoas focadas com um exemplar.
Não tenho nenhuma mostra deste material, feito em primeiro momento.
MEMÓRIAS PÓSTUMAS
Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dane minha amiga, para escrever esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde demais. Eu era uma jovem "sarada", criada em uma excelente família de classe média alta de Florianópolis. Meu pai é Engenheiro Eletrônico de uma grande estatal, e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar. Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava a atenção por onde passava. Estudava no melhor colégio de "Floripa", Coração de Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana freqüentava shopping, praias, cinema, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas saradas, física e mentalmente.
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos para a OCTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego. Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no "Bude", famoso barzinho da Rua XV. À noite fomos ao "PROEB" e no "Pavilhão Galego" tinha um show maneiro da Banda Cavalinho Branco. “Aquela movimentação de gente era trimaneira". Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada. Na quinta feira, primeiro dia de OCTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal curti a noite inteira "doidona", beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os "meganha", porque menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os "otários" não percebiam. Lá pelas 4h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase "vomitei as tripas", mas o meu grito de liberdade estava dado.
No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar daqueles como tensão pré- menstrual. No sábado conhecemos uma galera de S.Paulo, que alugaram um "ap" no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5:30h da manhã fomos ao "ap" dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado "Cigarro de Maconha", que me ofereceram. No começo resisti, mas chamaram a gente de "Catarina careta", mexeram com nossos brios e acabamos experimentando. Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente. O garoto mais velho da turma o "Marcos", fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia.
Q uem é Isabela Stephanie de Godoi? Isabela Stephanie de Godoi nasceu em Bragança Paulista, interior de São Paulo em 17 de abril de 1999. Filha de Paulo Celso de Godoi e Cássia Aparecida de Godoi.
Nascida em 15 de fevereiro de 1999, Jéssica de Souza Oliveira mora em Bragança Paulista com seus pais Marisa e Marcio e tem um irmão mais novo, Matheus.
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Memórias Póstumas - que é o livro (modelo), que segue como exemplar desta sequência, porém realizada pela 2ª vez, só que em 2012, demonstra a história de um garoto que envolve-se com drogas tentando encontrar soluções para seus problemas.
A proposta foi bem parecida com a primeira, partindo também do paradidático: Olhar de Azul, porém, após todos os passos da sequência, aproveitei para somar ao projeto Diga não às drogas, com o objetivo de mostrar que há pessoas perfeitas que buscam a infelicidade, sem perceber em tempo hábil.
Infelizmente não consegui postar as imagens que o compôs.
O meu fim!
Naquele dia ouvia as vozes da minha mente e o vento sombrio na escuridão da noite me amedrontava. Faltava alguma coisa dentro de mim, estava completamente louco, aquilo estava me possuindo de um jeito, no qual, não conseguia me livrar e nem me deter.
Estava completamente dependente daquela maldita, sai desesperadamente à procura dela. Fui a um bar, onde sempre a comprava. Era a única coisa que eu queria, nada mais além dela me importava.
Suava frio, com um olhar amedrontador, minhas roupas estavam sujas, meu cabelo despenteado e as pessoas olhavam para mim com uma expressão de medo no olhar, parecia um bicho sem destino e sem fim a vagar para um abismo infinito.
Chegando ao bar, estava louco, fora de mim. O dono do bar já veio me cobrando e eu fazia promessas inacabáveis para pedir mais e mais! Já estava dominado, domado e somente a obedecia, meus instintos já não me pertenciam.
Em meios a tantas promessas, sua arma sedutora, me agrediram deixando-me estatelado no chão.
Quando acordei, estava em uma cova de cemitério, Fui colocado lá por seus seguidores. Estava sem ar, fui enterrado vivo.
Acabei com meus sonhos, acabei com minha família e principalmente, acabei com minha vida, que poderia ser esplêndida, se não permitisse tanta dominação.
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Sonhos infantis.
Minha infância, ah minha infância, foi sempre repleta de felicidades, tinha apelido carinhoso de “Guinho” que vinha de Thiago. Tive sempre família, a classe média alta e os pais muito ocupados, sempre voltados ao trabalho, sempre me enchiam de presentes supérfluos.
Sempre sonhei muito acordado, com fantasias de heróis e contos de fadas. O que mais gostava era do Superman. E sempre que me perguntavam o que queria ser quando crescer, sempre respondia:
“Um super-herói que lutara contra monstros que viriam de outras galáxias para destruir a humanidade. Sonho ingrato e ao mesmo tempo infeliz, pois não se concretizava, permanecendo somente em sonhos infantis.”
Gostava muito de brincar no parquinho, a empregada, mais minha Babá, eram como segundas mães para mim (Dona Lurdes), ela fazia tudo que uma mãe faz: trocava minha roupa, dava-me banho, brincava comigo e me fazia rir, colocava-se no colo e incentivava minhas fantasias.
Meus pais brigavam muito e nunca tinham tempo de ficar comigo, sempre sentia saudades dos dois e por isso meu mundo guiava envolto às imaginações.
Era loirinho, olhos azuis, branquinho como a neve, todas as pessoas me achavam lindo, e que se parecia muito com minha mãe.
Tinha outra felicidade em minha vida, meu cachorrinho da raça Golden retiver, o Max, meu melhor amigo, sempre vinha dormir comigo na cama de manhã e também quando tinha medo da chuva. Posso dizer que esses tempos foram felizes ao lado de meu real e verdadeiro amigo, talvez o único e verdadeiro que tive. Morava em um apartamento em Copacabana, na cobertura.
Não era muito de ir à praia por causa de minha pele muito branquinha.
Dona Lurdes tinha medo de me levar e eu ficar com manchinhas por todo o rosto, e quando ia... Era um monte de protetor fator 50 e um chapéu enorme na cabeça. Claro Max sempre me acompanhava e brincava comigo na areia e adorava mergulhar. Em meio a tantas imaginações, essa era a mais real, Max era um verdadeiro mergulhador que me protegia dos perigos.
Quando tinha cinco anos, ganhei minha primeira bicicleta, demorei muito para aprender, mas sempre Max e dona Lurdes estavam ao meu lado gostava muito de brincar, porém quando passava os episódios do Superman parava o que estava fazendo para assisti-lo... E sonhar ser igual a ele um dia...
Nas férias sempre ia passar com a família do meu pai ou da minha mãe. A do meu pai morava em São Paulo, era uma família de advogados e juízes. E a da minha mãe em Minas Gerais, família de médicos.
Eles diziam que se conheceram no Rio de Janeiro, os dois seguiram à procura de diversões e acabaram flechados pelo cupido e encontraram-se em um amor de verão...
As minhas perguntas para descobrir melhor o mundo era difícil de serem explicadas, chegava a perguntar:
“Dona Lurdes, nós países baixos, existem gente grande?” ou até mesmo: “Papai, um pai biológico é aquele que sabe tudo de biologia?”
“Mamãe, os troncos nascem das árvores?” Eram tantas indagações que calava a todos com ar de surpresos e encostados à parede, sem respostas.
A única que tinha um pouco mais de paciência, era dona Lurdes e explicava mais ou menos, conforme seus conhecimentos lhe permitiam. Meus pais falavam que não sabiam, afinal, estavam sempre ocupados e era a maneira mais fácil de me despistar.
Não me considerava um menino levado, apenas dava o mesmo trabalho de qualquer criança saudável.
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Pré-adolescência
Dona Lurdes era bem ligada à igreja, sempre me fazia ajoelhar para rezar antes de dormir. Nesta época já estava um pouco mais crescidinho, e os super-heróis já tinham se apagado de minha mente, agora me interessava por carrinhos e também adorava assistir Fórmula 1. Papai assistia um pouquinho comigo, mas logo tinha que voltar ao trabalho. Era consumido por ele.
Papai e mamãe estavam meio brigados, quase se separando e achavam que eu não percebia, não tinham percebido ainda, que os tempos eram outros e a ingenuidade de criança davam espaços a outros pensamentos.
Quando meus pais não estavam em casa e a dona Lurdes estava ocupada com os serviços, ficava sozinho no meu quarto com o Max. Naquele tempo, preferia ficar na escola porque tinha bastantes amigos, brincava de bola, de cartinhas, queimada, etc. Minhas notas eram boas.
Sempre contava os meus sonhos e confidências para Max, e falava sobre o que queria ser quando crescer, até parecia que me entendia e quando contava que queria ser piloto de Fórmula 1, ele me dava uma lambida, mais na verdade um “beijo” parecendo que estava dizendo “sempre siga seus sonhos”.
Depois de um tempo, conversei com meus pais e contei dos meus sonhos. Nessa época tinha apenas 10 anos e gostaria de entrar em uma escolinha para ser piloto. Meus pais aceitaram, e no sábado da mesma semana fomos à procura de um ali mesmo no Rio...
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Em busca do sonho...
Achamos até que uma boa escolinha de pilotagem das 14h00min às 16h00min da tarde. Como já estava estudando de manhã, isso não era problema, o maior problema era dona Lurdes não aceitar, pois falava que era muito perigoso dirigir um grandão de asas.
As aulas eram bem legais, os professores e os alunos também. Dei-me bem no primeiro dia e nas aulas seguintes, adorava carros. Claro, a escolinha não era barata e sempre Max ia me levar aos treinos junto com a dona Lurdes.
Era uma estrela guia, ou melhor, um anjo em meu caminho.
Dois anos seguintes, já estava com 12 anos, e já participava de competições, já estava um adolescente e já sabia quais sonhos seguir, pelo menos era assim que me sentia, um adolescente como qualquer outro querendo a independência.
A adolescência sempre é uma fase difícil na vida de qualquer pessoa e a minha foi ainda pior.
Mamãe e papai brigavam cada dia mais e mais, pareciam que não se amavam, e tudo já não era a mesma coisa e fazia um bom tempo. Papai chegava tarde a casa e ainda por cima bêbado. Mamãe ficava uma fera, brava com tudo ou chorava pelos cantos.
Max vinha dormir comigo, pois não aguentava mais as discussões. Sempre me perguntava ao Max:
-Será que vão se separar?
Max me olhava com uma carinha de tristeza e até ficava com lágrimas nos olhos. Eu já até desconfiava, mas não contava para Max, pois ele ficava muito triste e eu tinha dó, mas na verdade sua sensibilidade sentia e previa tudo.
Dito e feito. Um dia, eles me chamaram para conversar. Era isso mesmo, eles estavam se separando!
Eles me contaram tudo o que estava acontecendo. Mamãe declarou que não aguentava mais vê-lo chegar a casa insóbrio e com marcas de batom no pescoço. Ah claro, ele sempre alegava e alegou que não, e mesmo assim eu não acreditei nele, achei um absurdo e fiquei morrendo de raiva, não queria vê-lo mais.
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Mudanças de vida...
Claro, logo em seguida da separação, depois de uns dois meses, minha raiva já tinha passado e papai me chamou para ir almoçar com ele e eu aceitei.
No almoço papai me explicou o motivo de separação e disse que tinha se apaixonado por uma “garota de programa” bem mais nova que ele.
Neste momento fiquei muito chateado, não conseguia acreditar e perguntei se mamãe sabia disso e ele disse que não e falou que depois conversaria com ela e daria mais detalhes.
Depois de algumas semanas, vi mamãe chegando a casa chorando, desconfiei que tivesse descoberto. Fiquei morrendo de dó. Dona Lurdes ia sempre conversar com ela e lhe dava conselhos.
Dias depois, mamãe ficou mais estranha e quieta, se entupia de calmantes, não ia trabalhar e só dormia, dona Lurdes chamou o médico que disse ser sintomas de depressão.
Na escola, tudo, eu passei a achar ruim, comecei a brigar e a andar com uma galera barra pesada, ninguém me reconhecia mais e várias reclamações eram feitas por professores. Não ligava mais pra nada, vivia nas baladas e no meio da bagunça.
Dona Lurdes não gostou, mas eu não a obedecia mais. Mamãe ficou doente e enlouquecida.
Gastou todo o nosso dinheiro e assim foi perdendo tudo, nos reduzindo a um pó.
Isso mesmo um pó sem fim, difícil de livrar-me em todos os sentidos.
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Ela
Max já estava bem velhinho, mal enxergava. Dona Lurdes, também. Seu coração já não tinha a mesma força e um dia parou de bater, levando-a para junto de Deus e dos anjos. Isso mesmo uma pessoa tão boa, só pode estar junto de Deus nos olhando, lá de cima das nuvens de algodão.
A partir daquele dia, só tinha Max, mais ninguém. Meu amigo já estava velhinho com a sensibilidade comprometida. E um ano depois foi para um mundo, no qual, nós, humanos, desconhecemos: O céu dos cães e lá vive até hoje se divertindo junto de outros fiéis amigos.
E eu, um garoto, melhor dizendo: “um quase homem” que teve de tudo, ou melhor, quase tudo, já que o verdadeiro amor dos pais foi substituído por presentes e objetos sem valor algum, diante do que uma criança precisa: - O amor de uma família feliz.
Desesperei-me! Meu pai pouco via. Minha mãe entregue a calmantes, dominada pela depressão.
E eu? Sozinho, sem ninguém para me estender a mão, entreguei-me a ela.
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Sedução
Aparentemente apareceu com seu olhar sedutor e conquistou-me com a minha primeira piscada. Um perfume que se empregava em mim e me sufocava de amor, só em senti-lo.
Nas primeiras carícias me dominou de tal forma incapaz de deixá-la. Ficar longe? Nem pensar.
Eu já não conseguia mais. Não sei se por solidão diante de tudo o que perdi, fui permitindo que ela se tornasse minha dona.
Passei a obedecê-la e não me importei mais com nada a minha volta.
Meus amigos, aqueles que me sobraram, os falsos amigos, foram os que me disseram que toda minha tristeza acabaria assim, que eu a conhecesse. E eles tinham razão. Mas não me contaram o que ela iria me fazer.
Depois de apaixonado entregue aos seus caprichos, quis me deixar. E eu sabia que não suportaria jamais perdê-la também, depois de sonhos, pais, melhor amigos perdidos. Eu não suportaria.
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De heróis a monstro
Passei a fazer todos os seus caprichos, mesmo quando estes feririam a outros. O super-herói que defendia o mundo foi se transformando no monstro de outra galáxia que destruía tudo a sua frente.
Tudo isso por um amor que parecia correspondido. Minha mãe sem forças quis me alertar. Mas eu não dei ouvido e levei até o relógio que minha mãe usava no pulso. Uma maneira que ainda encontrava para sentir meu pai por perto. Afinal, foi ele quem o deu a ela, quando ainda havia amor entre os dois.
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Reduzido a pó
Passei a roubar, pedir, vender minhas roupas já rasgadas, até fui capaz de me reduzir a garoto de programas só para tê-la por perto.
O Guinho, loirinho, herói transformado-se em monstro e agora em pó.
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Sozinho
Quando tirou tudo de mim. Meus sonhos, minha infância, dignidade resolveu-me deixar.
E eu preso a seus caprichos, implorei que não conseguiria viver sem ela, pois era tudo para mim.
Mesmo assim, ela disse que não voltaria, pois queria mais e mais de mim. Pediu que provasse meu amor, matando para tê-la.
Eu não pensei duas vezes e sai matando muitos para tê-la por perto.
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Quatro paredes
Um dia, meu mundo reduziu-se a quatro paredes e uma grade que me separava do Sol. Eu já não a tinha, também não tinha a mais ninguém. E ali sozinho, um filme começou a passar em minha mente. Um filme de terror, não aqueles contos de fadas que sempre gostei durante a infância, mas um novo em que eu era o vilão, o pior de todos, cercado por outros vilões, por incrível que pareça, quão ainda piores que eu . E neste filme fugia para buscá-la e conquistar seu amor, um amor incontrolável.
O filme foi se tornando tão real que para mim viver ou morrer tanto fazia.
E foi o que eu fiz, juntei a monstros tão horríveis quanto ao que me tornara e juntos resolvemos sair daquele lugar imundo, cheio de ratos.
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A es Escuridão
Sim, ratos como eu. Como todos que estavam ali dentro em meio a balas, não de chocolate que adoçam qualquer criança, mas sim de aço que fazem sangrar e pregam choros sem fim.
Nada mais me importava, a não ser senti-la novamente.
Preparamos tudo! Mas tudo saiu errado. Fracassei, mas antes matei mais alguns vestidos de policiais.
Não a vi mais, apenas fiquei com o seu cheiro nas narinas. Um cheiro de pó que corroeu e destruiu-me e a todos a minha volta, levando-me a uma escuridão sem fim.
Como faria diferente, se não a tivesse conhecido.
Eu seria ainda o herói da minha infância que salvaria a humanidade dos monstros de outras galáxias...
Baseado em fatos reais:
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos para a OCTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego. Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no "Bude", famoso barzinho da Rua XV. À noite fomos ao "PROEB" e no "Pavilhão Galego" tinha um show maneiro da Banda Cavalinho Branco. “Aquela movimentação de gente era trimaneira". Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada. Na quinta feira, primeiro dia de OCTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal curti a noite inteira "doidona", beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os "meganha", porque menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os "otários" não percebiam. Lá pelas 4h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase "vomitei as tripas", mas o meu grito de liberdade estava dado.
No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar daqueles como tensão pré- menstrual. No sábado conhecemos uma galera de S.Paulo, que alugaram um "ap" no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5:30h da manhã fomos ao "ap" dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado "Cigarro de Maconha", que me ofereceram. No começo resisti, mas chamaram a gente de "Catarina careta", mexeram com nossos brios e acabamos experimentando. Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente. O garoto mais velho da turma o "Marcos", fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia.
Retornamos a "Floripa" mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino "DRUGS". Aos poucos meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada, e sem perceber eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano. Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue o efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim o sangue que cada um cedia para diluir o pó. No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a "branca" a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 15,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias. Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus "novos amigos". Às vezes a gente conseguia o "extasy", dançávamos nos "Points" a noite inteira e depois farra.
O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida. Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas. Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro. Aos poucos toda a minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clínicas de Recuperação. Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar reverter o quadro. Quando eu saía da Clínica agüentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente. Abandonei tudo: escola, bons amigos e família.
Em dezembro de 1997 a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha. Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando, família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo. Meu pai e minha mãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los.
Em dezembro de 1997 a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha. Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando, família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo. Meu pai e minha mãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los.
Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu a joguei pelo ralo. Estou internada, com 24kg, horrível, não quero receber visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca... Você com certeza vai se arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra mim.
www.quatrocantos.com/lendas/137_patricia_aids.htm, acessado em 17/07/2012
Quando pequena estudava na escola Municipal Dr. Jorge Tibiriçá. Atualmente com 13 anos, Isabela estuda no CE SESI-364, na 7ª série.
Já participou de vários teatros sendo alguns deles: “Romeu e Julieta”, onde fez o papel de Princesa de Verona; “Desencontros na família” atuando com o personagem principal esposa e mãe e o teatro: “homenagem de final de ano”.
O motivo pelo qual escreveu “Memórias Póstumas” foi demonstrar como é a vida no mundo das drogas. E incentivar jovens e adultos a uma reflexão sobre valores e princípios.
Quem é Jéssica de Souza Oliveira?
Tendo hoje 13 anos, e estudando no SESI-364 está cursando a 7ª série. Tem muitos amigos e amigas dos quais gosta muito.
Com cabelos e olhos escuros, adora fazer maquiagem e pintar a unha. Também mexer no computador e ouvir músicas são seus hobbies. Tem 2 cachorrinhos: Dudu e Nick. Ah, irrita-se bastante com seu irmão.
Cantores favoritos são o que não falta, como por exemplo: Avril Lavigne, Selena Gomez, Justin Bieber, Jessie J, One direction, Cher Lloyd, Bruno Mars, Katy Perry, Lady Gaga, Miley Cyrus, Demi Lovato etc...
Jéssica já atuou em várias peças de teatro, sendo a última “Romeu e Julieta” onde fez o papel de Rosalina.
Matéria preferida não tem. Considera sua avó materna como segunda mãe e sente uma imensa paixão por ela.
O motivo por ter escrito o livro “Memórias Póstumas” foi demonstrar o que alguns adolescentes sofrem hoje em relação a pais, escola, e outras revoltas na vida. E assim, baseado em fatos reais, conta-nos a história de um menino que sofre várias turbulências na vida e acaba se envolvendo com drogas, e depois se arrependendo por ter feito tudo isso.
Gostei mas devia ter feito uma 'resenha' do texto. ;)
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