sábado, 10 de março de 2012

Sequência didática: Clarice Bean, tem um problema

Autora: Marisa Aparecida de Souza Oliveira
Centro Educacional SESI – 364 de Bragança Paulista
5ª série do Ensino Fundamental de 8 anos -2009 – Disciplina: Língua Portuguesa


Resumo da Sequência Didática – Clarice Bean, tem problema
Produtos finais: Maratona de Ortografia e o caderno de relatos
O relato aborda minhas experiências como educadora de duas turmas de 5ª séries de 2009, que valem a pena serem relembradas, diante das aprendizagens alcançadas com a sequência didática.
Os conteúdos abordados foram: Leitura do paradidático: Clarice Bean, tem um problema, de Lauren Childen, seguida de produção de textos, com o objetivo de levá-los a produzir relatos baseados em fatos reais e imaginários, dinamizando a fim de tornar tudo mais gostoso de ser realizado.
A ideia surgiu, após diagnóstico inicial das dificuldades dos educandos diante da ortografia.
Diante do diagnóstico, pensei logo no paradidático citado, a fim de sanar tais dificuldades. Li textos  sobre o assunto, recorri aos Referenciais da Rede SESI, consultei sites. A partir dos conhecimentos adquiridos, comecei a traçar planos de ação destinados a estes educandos.
Iniciando-se, então, momentos prazerosos, de conhecimento dos educandos, aproximando-me deles  na construção do saber, que foram tomando proporções gratificantes nas trocas de conhecimentos entre professora e alunos.

Expectativas de aprendizagem

                 - Identificar e distinguir os recursos que organizam e estruturam diferentes gêneros de textos, tanto na oralidade, quanto na escrita, analisando a organização textual, o contexto de produção e aspectos linguístico-discursivos do Relato.
                -  Localizar informações explícitas e implícitas contidas no texto em estudo, explicando-as.
                - Observar, refletir, reconhecer e aplicar as marcas linguísticas que compõem o gênero textual em estudo.
           - Estabelecer diferenças e semelhanças entre a língua oral e a escrita.
             - Expor seus conhecimentos por meio de relatos orais, observando os contextos e sendo capaz de estabelecer negociações e acordos, fazendo uso de um maior nível de formalidade na linguagem oral.

             - Identificar e utilizar as convenções externas ao sistema de representação da língua escrita (segmentação das palavras e frases, maiúsculas, parágrafo, escrita correta das palavras, inclusive acentuação, pontuação – ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgula, dois-pontos, travessão e reticências – e marcas de discurso direto).
               
                - Produzir textos considerando o gênero textual em estudo, de acordo com sua função, organização textual e aspectos linguístico-discursivos, pressupondo o enunciador, o interlocutor e os meios de circulação, utilizando também os recursos coesivos da oralidade e da escrita.
                - Retextualizar os próprios textos, com orientação do professor, adequando-os aos gêneros orais e/ ou escritos e ao contexto de produção (interlocutores, finalidade, lugar e momento em que se dá a interação), observando a coerência e a unidade textual.
                - Socializar, oralmente e/ ou por escrito, as experiências de leitura de formas diversificadas.
Conteúdos : Gêneros- Relato de experiências, ortografia, leitura, oralidade, teatro.
Metodologias/ Desenvolvimento das atividades
Roda de Conversa – Para introdução da sequência didática, selecionei o texto Clarice bean, tipo assim, um capítulo desta obra, o da aula de natação em que Clarice só ia para ganhar batatas fritas. Realizamos a leitura, pensamos sobre o texto e propus questões explícitas sobre o texto. Também as crianças, socializaram o fato de fazer alguma coisa, pensando no que ganhar depois.
Atividade 1 - Continuando, para atingir meu propósito inicial: - A avaliação diagnóstica. Solicitei a produção de um relato sobre um dia da vida deles, talvez o mais  feliz ou triste.
Eles realizaram, porém sem  a estruturação, paragrafação esperada, bem como falhas no tempo verbal, ortografia e segmentação e síntese do enredo. Guardei-as para retextualização futura.
 Atividade 2 – Propus a leitura da obra, realizando momentos rápidos para conhecimento da obra inicial, observação da capa, imagem, relacionando com o seriado  Lola e Charlie.
Atividade 3 - Reiniciei solicitando que os educandos pesquisassem sobre a autora, a fim de que conhecessem e relacionassem as experiências da autora com a deles. Ressaltando que ela escreveu a obra quando tinha aproximadamente a idade dos educandos. Isso interessou e ainda mais quando viram que ela tinha um problema sério com a tal de ortografia. Tinha ideias, porém escrevia muito errado. Sendo um problema para seus professores.
Ficaram surpresos, e adoraram  tudo isso. E saberem que a garota, superou e recebeu vários prêmios.
Atividade 4 – Combinamos de ler  um  capítulo por dia sala,  e em um momento de a aula comentarmos sobre eles. Fato que não deu muito certo, porque gostaram tanto da obra e acabavam lendo mais capítulos. Alguns devorando o livro rapidamente em casa. Mas no dia seguinte reliam novamente com o grupo sem problema algum.
Atividade 5 - Gostaram bastante e então propus a prática das ações da protagonista, Clarice. Também registrarmos em um diário, nossas experiências sem nos preocuparmos com a ortografia, mas sim com os momentos. Teve aqueles que comentaram não ter nada para contar. Então, incentivei-os a imaginar e colocar no papel situações que gostaria de viver, como se elas tivessem acontecido, como intuito de vê-los escrevendo, usando tempo verbal adequado e a pessoa do discurso apropriada. Estes textos aconteciam ora em sala, ora como lição de casa, sendo a maioria das vezes a tarefa de casa, que era socializada em sala. Nunca os vi gostarem, neste período, da lição de casa.

Atividade 6 – Em sala fui abordando outros relatos em diversos tempos verbais, de acordo com o propósito de contar ações momentâneas, já acontecidas e que ainda viriam acontecer, com o objetivo de perceberem a adequação do tempo verbal para cada situação  até mesmo o uso de linguagem figurada: A metáfora, comparação, sinestesia, prosopopeia.
Atividade 7 – Cheguei a retirar os verbos dos relatos, para que através do contexto, os educandos percebessem qual deveria ser utilizado, para isso chamei atenção aos acessórios do verbo (advérbios) a fim de perceberem que estes eram indicadores da temporalidade da ação.
.
Atividade 8 – Eu lia alguns relatos por dia percebendo as falhas ocorridas e preparava alguma atividade focando aquele erro e no relato eles observavam, se tinham usado tal situação para consertarem no texto.
Por exemplo, se nos relatos vistos o problema era paragrafação, chamava atenção para tal, se era a ortografia do x, retomava as regras, seguidas de reflexões, como um ditado,após ter visto a regra e observado no texto...

Atividade 9 - Pesquisaram sobre a conjugação de alguns verbos, dos quais faziam uso, mas com falhas.

Atividade 10 – No final da semana, retomávamos o que tínhamos visto durante a semana e realizávamos um registro, retomando as regras vistas.

Atividade 11 – Também fui marcando as palavras erradas, tanto por acentuação gráfica, como ortográficas e preparando fichas com elas. E também outras que julgava como necessárias. Preparando assim ensaios para a tal de maratona, vista no livro e combinada de ser realizada com eles, como uma das ações da protagonista.
Atividade 12 – Uma das reflexões que realizei foi pensar em uma palavra, que havia dúvidas de escrita e pensarmos na “família” desta palavra e assim, por dedução chegarmos na escrita correta dela.
Atividade 13 – O dicionário também foi elemento primordial nas etapas realizadas, sendo o meio de pesquisa para verificarmos a escrita, quando não chegávamos a uma dedução.
Atividade 14 - Introduzi varais atividades para retomada das regras, como  a do uso x e ch, iniciando com uma cruzadinha, seguida de tabela do x e do ch. Depois de separação das palavras com ditongo , me e em.
Atividade 15 – Propus uma competição em grupos, descobrir qual era a regra para uso do x, partindo da atividade anterior. Os alunos teriam que redigir a regra e conforme o acerto ganhavam balas.
Perceberam o uso e a regra e assim apresentei as músicas que ajudavam a fixação da regra.
Atividade 16 – Propus  um ditado só com palavras com x e ch, focando as regras vistas,  a fim  de avaliar a compreensão e problematizar. Seguida de correção da equipe para verificar a escrita de todos os componentes do grupo. Para posterior correção, usando cartões com o X e o Ch, em grupos competidores novamente. Todos da equipe teriam de estar atentos e levantar a ficha adequada quanto à escrita da palavra com relevância ao x ou ch.  Marcando pontos quando todos da equipe acertavam. Esta atividade focava também o trabalho em equipe e o compromisso de todos em realizar a correção, para o sucesso do grupo.
Atividade 17 – Já com acervo bom de palavras, que para eles eram difíceis de escreverem também para a Clarice, iniciamos ensaios em sala para a Maratona de Ortografia. Todos os dias um aluno sorteava uma palavra e soletrava. Assim foram tomando gosto e muitos ensaiando em casa. Chegaram a levar o jogo soletrando para a escola e assim fomos a cada dia melhorando tal proposta.
Atividade 18 – Estabeleci combinados para o evento, e uma semana antes, começamos a seleção para a maratona, selecionando das duas turmas os 10 com melhores desempenho nas tentativas de sala, conforme descrita na atividade 17.
Atividade 19 – Os educandos se envolveram na escolha de jurados, confecção de faixas aos vencedores, compra de medalhas, por parte da escola e um prêmio simbólico, o qual escolhemos um livro, a fim de incentivar a leitura sempre.
Atividade 20 – A produção de um livro, no qual usamos um  caderno de capa dura, decorado por cada aluno, para reescrita dos relatos, após todas as adaptações propostas, que focaram as retomadas de regras, etc. Os educandos, então, reescreveram os textos,capítulo por capítulo,neste caderno, decorando como quiseram e colando tudo o que achavam ser necessário, como papéis de chocolates que foram importantes, galeria de fotos do seu crescimento, letras de músicas que curtiam, atores, cantores preferidos, objeto preferido, quando foi possível, etc. Neste caderno tudo era permitido, afinal eram os protagonistas da ação  e os relatos pertenciam-lhes.
Atividade 21 -  O evento: A Maratona de Ortografia, com todas as formalidades que cabiam a um evento tão importante.
Atividade 22 – Exposição dos livros de relatos feitos na reunião de pais.
Atividade 23 – Como Clarice amava teatro, demos início a nossa 1ª peça teatral.
A qual obteve muito sucesso e risos. Como seria a primeira, não foi longa e fora realizada por todos os alunos, pois não poderia decepcioná-los, escolhendo apenas alguns. A peça realizou-se em grupos, seu nome: O caso do Espelho, um conto o qual, em grupos,adaptamos ao gênero teatro.
Considerações finais: A missão cumprida e o retorno alcançado! Os educandos melhoraram muito a escrita e a ortografia.

*temas propostos para o relato
Por quê?
Eu sou assim
Minha cor preferida
O objeto que mais gosto
Meu ídolo
Meu animal de estimação
Minha família
Minha escola
Meu primeiro dia de aula
Meus professores merecem um capítulo especial
o professor preferido
Meus amigos adoráveis
Conversas
Quando eu nasci
Meus finais de semana
Meus problemas
Um presente especial
Estou de olho em um garoto(a)
Um dia  inesquecível
Um passeio diferente
Um dia de decepção
Às vezes o dia começa mal e acaba bem , ou vice-versa
Meu primeiro amor
O dia mais feliz da minha vida
Quando a gente menos espera, o inesperado acontece
Ah, se eu pudesse...
Meu filme preferido
Ago que considero muito difícil
Algo que descobri
Conselhos
Um dia de decepções
O que espero do futuro
Meus sonhos para o futuro
Túnel do tempo...
(...)
E tudo mais que eu queira contar




BIBLIOGRAFIAS

CHILDEN, Lauren. Clarice Bean, tem um problema, Editora Ática.

CHILDEN, Lauren. Clarice, tipo assim... Editora Ática.

DOLZ, Joaquim. Os gêneros escolares – das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim; Campinas, SP, 2004
                         
MORAIS, Arthur Gomes de. O aprendizado da ortografia. Editora Autêntica

SESI – SP. Referenciais Curriculares da rede SESI – São Paulo: SESI, 2003 CD – ROM.

2 comentários:

  1. Achei seu trabalho maravilhoso. Já tinha muitas ideias para o meu trabalho, mas depois de ter lido o seu, me deu mais vontade ainda. Obrigada pela ajuda, bjs...

    ResponderExcluir
  2. Vou desenvolver essas atividades com minha turminha do 5º ano

    ResponderExcluir